sábado, 6 de fevereiro de 2021

Sensibilidade e Tacto


 

Bom, primeiramente é muito interessante pra mim saber que esse texto está sendo lido por você leitor, o que venho relatar é algo muito íntimo, algo muito particular, tanto que pensei muito, muito mesmo antes de compartilhar essa parte da minha pessoa aqui, é desafiador falar de coisas que muitas vezes se tornaram por muito tempo um pouco desgostosas pra mim, mas abrir meu coração dessa forma é algo que me faz pensar que somos todos diferentes e que nossas experiências ao decorrer da vida que nos constroem e nos fazem superar ou nos destroem e nos fazem revoltados  em quanto “pessoas", “indivíduos”, “cidadãos”.

Já relatei em um post aqui sobre minha mediunidade e também expliquei um pouco do que é e como funciona. Falar do meu posicionamento, pensamentos, sentimentos e ações em relação a vida e a pessoas é algo a se pensar, principalmente pra mim, pela minha condição e como eu convivo com isso.

Eu naturalmente sou uma “pessoa sensível” e talvez por isso consequentemente também uma “pessoa delicada"(ou não), não só sensível em recepção mas também em percepção, principalmente em percepção. Perceber as coisas com um sentindo chamado “captação vibracional"(pra entendimento) é algo que é bem assustador quando você não sabe o que está acontecendo com você, e principalmente não sabe explicar porque você mesmo não entende, quando você percebe, logo em seguida você pensa e consequentemente você sente... Imagina que aos 12 anos de idade você com toda aquela loucura a mil de hormônios e desenvolvimento do corpo, da puberdade, do descobrimento de uma nova fase da sua vida e o medo de parecer estranho, ainda ter que lhe dar com algo que vem literalmente te tirando o sono, e você tem apenas 12 anos. Eu tive uma infância boa, fazia o que eu gostava e nunca minha mãe me disse uma vez se quer que eu não devia fazer aquilo porque estava errado, eu brincava do que eu queria, do jeito que eu queria, claro que eu era chamado a atenção as vezes pela bagunça e a zona que eu fazia no quarto ou onde eu estivesse brincando. Eu Gostava de brincar na rua com outras crianças da rua onde minha mãe mora, onde brincávamos de taco-ball, queimada, mata do meio, pique esconde(Ou manja esconde como se fala em Manaus), sete pecados, amarelinha... Na escolinha eu não lembro se eu era um bom aluno(risos), eu só lembro que eu por algum motivo não conseguia comer na escolinha, então sempre quando minha mãe ia me buscar no final da aula quem tomava conta das crianças contava a ela que eu não comia, minha mãe dizia que eu tinha que me alimentar na escola, mas por algum motivo eu não conseguia, eu só conseguia comer em casa.

Na temporada de férias antecedente ao início das aulas eu ficava em casa, morei com meus avós maternos a vida toda deles, meu avô que eu chamava e chamo de pai até hoje, e que é o homem da minha vida, que me ensinou tanta coisa e minha vovozinha que cuidou tão bem de mim(minha nossa, quanta saudades eu sinto desses dois). No mês antes das voltas aulas eu sempre acordava no horário de ir pra aula pra assistir  TV, desenhos, como qualquer criança da minha geração fez, eu gostava de assistir O pequeno urso , jack chan, Emilly e alecssander, Castelo ratinbun, cata lendas, sítio do picapau amarelo, X-Men e tantos outros. Meu pai (meu avô) passava  manteiga no pão e partia em tirinhas , colocava pão de queijo, uma xícara com café e leite e levava todos os dia que eu estava em casa naquele horário antes do início das aulas, na sala de casa onde eu estava vendo meus desenhos... As vezes ele quebrava bolachas água e sal dentro do café com leite e me dava, eu amava essa mistura. Essa foi minha infância até meus 11/12 anos.

O início da minha adolescência como todas é algo bem chato, chato porque quem é menino a voz começa a mudar, ficamos desengonçados... Mas também tinha algo a mais pra vir a acontecer, os pesadelos. É bem louco ou pode ser algo da minha cabeça diferente e um tanto quanto bizarra, mas aos meus 11 anos um dia pela manhã antes de acordar, eu senti na minha boca um líquido e fiquei bem assustado pois não sabia o que era, talvez antes dos 11 anos eu não produzisse tanta saliva, mas nesse dia eu senti a saliva na minha boca bem mais, e acordei assustado com aquele monte de líquido na minha boca, foi aí que tudo começou a mudar. Eu fiquei semanas pensando naquilo, o que poderia ser, eu começava salivar e engolir a própria saliva, aquilo pra mim era assustador e incômodo(anos depois que eu fui entender que era relacionado aos hormônios), depois acabei me acostumando.

Meus primeiros pesadelos eu não consigo me recordar bem, foram tantos, tão pesados e ruins que me faziam dormir com minha mãe, por uns anos ainda dormi com a minha mãe ou com ela bem perto. Eu acho que eu mijei na cama até meus 12 anos, hoje eu entendo o “porquê”. Geralmente nos pesadelos eu sempre estava sendo perseguido, fugindo de alguém, ou algo, um monstro, ou até mesmo um boneco, o chucky já fez parte de muitos. E quando conseguiam me pegar, me torturavam, com facadas, as vezes cortes, ou arrancavam alguma parte do meu corpo e então eu acho que morria, logo em seguida eu acordava, apavorado e mijado. Eu ia pra escola cansado, pensativo pois a noite eu passava toda correndo, fugindo, fugindo pra escapar, pra sobreviver. Então eu cheguei num momento que precisava fazer alguma coisa pra mudar aquilo, pois eu vivia cansado e dormia muito durante o dia quando estava fazendo nada. Eu sabia que aqueles acontecimentos eram sonhos e sabia que se treinasse algo em mente eu poderia me livrar, foi quando comecei a dizer a mim mesmo que não passava de sonhos, e desenvolvi uma técnica que  quando eu estava sendo perseguido e era pego eu usava, essa técnica consistia em quando eu era pego pelo monstro ou pela pessoa etc, que queria me matar eu mexia meus olhos em sinal de “+”(mais) primeiro pra cima, depois pra baixo, depois pra um lado e depois pro outro e logo em seguida a isso ou eu me encontrava em outro lugar ou cena, ou então eu acordava, eu fiz isso por muitos anos e deu certo, sempre que sentia medo ou quando algo ou alguém estava prestes a me pegar e me matar ou tentar pelo menos. Era minha proteção, meu escudo contra o que poderia me machucar.

Eu não conseguia dormir a noite então vez ou outra na madrugada falava a minha mãe que estava com dor de cabeça e logo em seguida ela me medicava, por anos vivi assim e isso acabou afetando meus relacionamentos da escola. Minha melhor amiga desde a 4°(quarta)série (5°”quinto”ano) era alguém que eu não gostava, eu simplesmente amava, amava a companhia, amava a amizade, amava tudo. Quando havia exercício em dupla logo um olhava pro outro ou arrastava as mesas lado a lado, quando havia trabalho em dupla, logo já sabíamos que seríamos nós dois. Meu corpo se desenvolvendo, minha cabeça mudando, meus pesadelos, meus sentimentos e ações em um turbilhão feito um corcel indomável, ela era a única pessoa que me tirava desse mar em que eu vivia submerso quando eu não estava na companhia dela. Na hora do recreio andávamos juntos, na verdade nunca saíamos um perto do outro quando estávamos na escola, as vezes até fora dela. No ano seguinte (Na série seguinte) as coisas continuaram do mesmo jeito por um tempo até começarmos a matar aula pra ir andar na rua, ou ir pra casa dela assistir filmes, ouvir músicas e comer besteiras, tudo era tão divertido, prazeroso e satisfatório. O que vinha acontecendo comigo eu contava a ela, mas nem tudo eu contava, minha primeira namorada ela quem soube quando me apaixonei, devia ter uns 12 anos e como um garoto da minha idade era bobo e desajeitado. Eu pedia conselhos se devia falar com a garota ou não, e uns tempos antes fiquei receoso de falar pra ela (minha melhor amiga) que estava interessado em uma garota. Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia eu começava a me interessar por coisas de cunho espiritual, sobrenatural e psicodélico. Queria saber o que vinha acontecendo comigo e por que comigo, mas isso era algo muito íntimo e eu não me sentia seguro o suficiente pra falar a alguém mesmo sendo minha melhor amiga, eu não confiava nela pra isso, eu tinha medo, muito medo. Logo comecei a ler artigos e tudo que encontrava na internet sobre, demônios, perseguição, magia, contatos  com mortos etc, na época eu era meio Emo (movimento e estilo que ouvia músicas tristes e vestia preto, que tinha franja no cabelo) misturado com gótico e punk, eu gostava muito de pop rock e rock gótico, metal sinfônico, ainda gosto e ouço até hoje um bom rock.  

Aos poucos fui conversando sobre essas coisas com minha melhor amiga, mas com muito cuidado pra que eu não falasse algo que me arrependeria depois, aos poucos convenci ela de fazer um primeiro contato, ou pelo menos tentar... Contatar espíritos, seja qual for a natureza não é algo que se deve fazer se você não tiver o conhecimento e preparo devidos, e eu só tinha 12 anos, nós queríamos contatar ninguém mais ninguém menos que “O diabo”, hoje eu penso que  realmente talvez no fundo eu sabia o que estava fazendo (inconscientemente e também irresponsável) e que precisava passar por tudo o que viria depois desse ponto de partida. O contato consistia em usar uma chave entre o meio de uma bíblia (novo testamento) segurar a bunda da chave que ficava pra fora com os dedos indicadores, um de cada pessoa que se disponibilizaria e fazer perguntas com a respostas “SIM" e “NÃO" com esquerda pra sim e direita pra não. Pré-adolescente sempre fazendo coisas que não são pra fazer. A Primeira pergunta foi feita: “Você está entre nós?” e logo a resposta veio, sendo um “SIM". Tudo isso sendo feito na escola no momento do recreio no fundo da sala de aula. Por dias ficamos fazendo esse “jogo”, eu sem a mínima noção do que me viria a acontecer nos anos seguintes.

Os pesadelos a partir dali se tornaram mais “vivos”, mais “reais", sentir pra mim se tornou algo muito difícil de lhe dar, sentimentos, pensamentos e principalmente medo eram presentes na minha vida, tudo muito intenso, tudo muito confuso... Eu começava a me apaixonar e isso também fez com que as coisas se tornassem mais difíceis ainda pra mim, como lhe dar com sensações do ambiente, em casa, na escola, como lhe dar com sensações externas, de outras pessoas, com sensações que eu mesmo criei e fantasiei por anos? Eu não tinha uma postura correta, era curvado, talvez por causa da minha altura, ou quem sabe pelo peso dos meus pensamentos e ações? Eu pintava meu cabelo de castanho escuro na tentativa de parecer estiloso ou quem sabe era a "não aceitação" da cor natural do meu cabelo? Quando se é pré-adolescente e toda mudança natural do corpo e comportamento por se só já é algo desafiador, lhe dar com uma sensibilidade que vem aflorando junto a tudo isso, se torna algo que vem se acumulando e só infla, infla e infla.

Eu havia decidido em tentar uma investida na garota que eu estava interessado, mas como fazer?, eu não sabia, eu só sabia que faria... O namoro rendeu  4 anos. Eu amei, eu gostava da companhia dela, de ficar admirando a beleza, de conversar, de ficar fazendo e trocando carinho, romantismo era comigo mesmo, fazer desenhos, escrever poemas e cartas... Eu sou muito expressivo. Minhas mudanças de humor eram constantes, o que acontecia a noite enquanto meu corpo “dormia" afetaram todos os meus relacionamentos. Havia dias que eu estava sorrindo e falando com todo mundo, outros em que eu queria ficar só no meu canto, outros em que nem presente eu estava, vivia maior parte do tempo longe, pensando, distante, bem distante quando me encontrava acordado. Sei que fiz coisas que renderam condenações  dadas por mim mesmo, julgar algo como errado não me impedia de fazer, ou não me importava com consequências, não se prejudicasse somente a mim. Por anos me senti sujo, sujo por ceder, sujo por permitir e sujo por fazer por um dado tempo. A Primeira vez que eu fui violado eu fiquei assustado por semanas, não conseguir se defender é algo sufocante, e as primeiras visitas foram assim, eu era sufocado. A Primeira vez que eu senti um peso em cima de mim foi assustador, você não saber se está acontecendo ou se é mesmo só mais um pesadelo é algo que me tirava a paz, a paz que eu achava que eu podia ter... Era real, sempre foi real, e uma vez ou outra acontecia, sempre na madrugada, entre 2(duas) e 5(cinco) da manhã, eu resistia, mas a presença era muito maior que eu, muito mais forte, e também como eu poderia contra alguém que eu não via, que eu somente sentia do outro lado do lençol? Eu achava que era tortura, algo só pra me apavorar, os sufocamentos embaixo do lençol eram apenas uma forma de me intimidar, mas por que? O que eu tinha feito? Eu só tinha 13 anos.

Aos poucos eu conseguia sentir mais a presença, primeiro o toque com as mãos, o peso, as pernas e os braços, logo eu consegui distinguir que era uma silhueta masculina, devia ter mais ou menos 1,80 de altura e bastante corpo, o dobro e quem sabe o triplo do meu tamanho. Eu tinha medo, o medo passou a ser desconfiança, mas logo por algum motivo viria me acostumar, e quando eu sentia que “ele" já estava em cima de mim com todo aquele peso eu me concentrava que logo acabaria. Pela manhã eu estava exausto, sugado, triste e ao mesmo tempo aliviado, aliviado por ter sobrevivido a mais um abuso de alguém que eu nunca vi o rosto. Os abusos se seguiram, e aquele tratamento se tornou comum pra mim, comum ao ponto de eu começar a gostar. Todo aquele turbilhão hormonal da puberdade me confundia e ao mesmo tempo me dava prazer. Aos poucos as visitas ficaram espaçadas de uma pra outra, logo eu só sentia a  presença me observando, até que nunca mais senti presença alguma. Os pesadelos continuaram e logo comecei a me interessar por garotos pela experiência que eu tive com um homem que eu nunca conheci. Ao mesmo tempo que eu resisti, eu gostei, e ao mesmo tempo que eu gostei eu não queria, não da forma que acontecia.

Toda aquela confusão de desejos e vontades, os hormônios, meu namoro, meus pesadelos, minha amizade e minhas mudanças constantes de humor só alimentavam minha carga psíquica, minha sensibilidade começava a expandir e tudo isso me tornava mais emotivo, mais vulnerável e aberto a qualquer coisa que pudesse me dar uma trégua, eu estava carente, carente de afeto, de atenção, de amor, carente de mim mesmo. O toque pra mim era algo como uma explosão, sentir demais quando se tem 13 anos é algo que não é muito comum, deveria ser? Abraços eram como sentir o primeiro sol da manhã na pele, é maravilhoso. Falar a minha melhor amiga que eu era bissexual foi algo que levei semanas pra falar, pensei muito e acabei falando por que ela era minha melhor amiga. Logo colegas da turma mais próximos ficaram sabendo, um em específico que mudou totalmente o tratamento comigo. Não sei como souberam, também não me interessava, eu fui respeitado e vivi bem nos anos de escola do meu ensino fundamental. Aquele amigo que somente me admirava pelo meu estilo de me vestir, do que eu tinha a oferecer em conhecimento e amizade passou a me abraçar, logo ele que nunca me abraçava, então os abraços começaram a ficar constantes, depois demorados, então vieram os beijos no pescoço, e por brincadeira ou não, tentativas de me beijar a boca. Eu namorava, uma garota, na época éramos todos da mesma turma... Aquilo me confundia e todo ano no aniversário dele, ele ia me buscar e me deixar em casa. Na hora do recreio quando todos saiam da sala de aula, eu era sempre o último ou um dos últimos a sair quando resolvia sair da sala, ele não deixava eu sair, me agarrava, me abraçava e me beijava o rosto, pescoço, todos os dias. Algumas pessoas que ficavam na sala já estavam acostumadas então essa atitude já era normal pra elas,  ninguém se importava com o que acontecia no fundo da sala. Era desrespeitoso porque ele sabia que eu namorava e que estudávamos na mesma turma, e agia como se nada acontecesse. Eu evitava mas era difícil porque logo eu comecei a gostar do tratamento, eu estava carente. Nunca nos beijamos.

O toque é algo muito íntimo pra mim, muito particular... Sentir em espírito, na alma é completamente diferente de sentir na pele, literalmente na pele. As experiências espirituais que eu tive na minha pré-adolescência foram muito intensas, muito decisivas, de alguma forma por algum motivo eu precisei vivenciar aquilo, daquela forma e naquele momento. Meu corpo astral sentia, minha mente percebia, meus sentimentos tomavam conta, minhas emoções vibravam e minhas ações não eram muito inteligentes e racionais. A cada tempo que passava mais eu ficava sensível, perceber a vibração-ambiente e sentir era algo que começou a me incomodar, aquilo vinha me estressando e me deixava bem irritado as vezes. O toque pra mim é um impulso elétrico extremamente forte, intenso, que pode ser de várias faixas de vibração dependendo do pensamento e sentimento que é colocado na ação do toque. Teria que desenvolver uma técnica pra aquilo como havia feito nos pesadelos, mas como se eu estava bem acordado? Não encontrei, não consegui desenvolver, não tive êxito algum e pelos dois anos seguintes sofri com coisas que nunca foram minhas mais que eu vinha absorvendo e aplicando como se fossem. A única coisa que me tirava do estado de "percepção sensitiva" era ficar imaginando e fantasiando coisas na minha mente, ou então ficar na internet conversando com estranhos, tirando fotos e postando. Começava aí minha vida virtual, aos 13 anos.

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