quinta-feira, 5 de maio de 2016

Quarto 219


Quarto 219 E.M


Não lembro bem o combinado, lembro que depois do meu estudo (ESDE) no sábado havíamos combinado de nos vermos, ás 16:30 hrs acaba o estudo. Nos encontraríamos no teatro no centro da cidade as 18:00 hrs, acabei chegando mais cedo, peguei uma carona com uma amiga que mora pelos arredores. Cheguei por volta das 17:30, porque quis ir cedo. Fiquei ali, num banco sentado em frente ao teatro pensando... sem “jamais ter ideia, imaginar ou ainda mais, sonhar com o que poderia acontecer. Apenas pensando em um pouco ansioso em ti ver. Acho que era por volta das 19:00 hrs quando você finalmente chegou (lembrando que havíamos combinado ás 18:00 hrs), ou era um pouco mais, não sei bem. Conversamos bastante, sobre política, religião, cinema e tantas outras coisas, você sempre sendo essa pessoa comunicativa, com postura e charme que cativa quem quer que lhe ouça, essa pessoa linda. Tuas crenças, teus medos, tua admiração por mim, sempre se expressando de uma forma clara, lógica e determinada, um tanto quanto desbocada as vezes, com indelicadeza, com um comportamento as vezes broco (risos).

Conversa vai conversa vem, muito assuntos falados, debatidos... Você pergunta se estou com fome e nossa, depois de tanta conversa, sim estou com fome eu te respondo, tu diz “Finalmente tu tem fome”, eu sorrio. Vamos a um lanche em frente a uma praça no centro da cidade. Você pediu um sanduiche (x-salada) e um suco de laranja que quando serviram era suco de cupuaçu, você sorriu me olhando e  ao mesmo tempo não gostando comentou pra mim que “era de laranja e veio de cupuaçu!?”, más acabou bebendo o suco de cupuaçu, talvez por postura ou sei lá o que. Eu pedi a minha paixão, hot-dog e Fanta laranja... Então você me disse que fazia 10 anos que não tomava refrigerante, (nossa!) isso me surpreendeu. Depois do Lanche fomos a praça que ficava logo a frente, quando você me falou que o dia estava um tanto chato por você não ter passado na prova de direção e desde esse momento começou a se “lamentar”, eu fiquei preocupado, você ficou sem falar por um tempo e isso começou a me frustrar. Ali em baixo de 60 cm de telhado do lado de uma banca de revista, não sei se era bem uma banca de revista, poderia ser outra coisa, eu e você calados, você um pouco distante de mim.
Comecei a  te tratar  com irritação sugerindo que fosse para casa dormir e que seria melhor, até fui grosso e estúpido em sugerir que só nos víssemos 1 mês depois quando a tristeza houvesse passado. Fui tão ridículo!. Você começou a rebater as minhas investidas (rindo agora, más no momento a irritação me consumia), comecei a me irritar mais, me tratando com grosseria, fiquei irritado mais ainda. Eu falei que já iria embora, e você me acompanhou até o ponto de ônibus perguntando pra mim se estava tudo bem comigo... “Eu havia dito que se eu pudesse fazer alguma coisa, qualquer que fosse para você se sentir melhor eu faria sem hesitar e você disse que não era preciso eu fazer qualquer coisa e isso me deixou triste, irritado.”
Ficamos alguns longos minutos calados. Você disse que estava se sentindo mal por mim e enquanto isso os ônibus passavam, eu nem me importava com eles, eu estava encantado eu acho, por ti. Era por volta das 22:00. Você se calou, pensava... Você disse que ainda estava com fome, eu cedi! Resolvemos voltar ao teatro e encontrar algo para comer, afinal já era uma hora tanto quanto alta e era um pouco perigoso ficar andando por ali. Você me disse que se surpreendeu com a minha atitude de ter ficado, que não esperava isso. Encontramos aquelas banquinhas que vendem aqueles espetinhos assados, você comprou coração pra comer... “Nossa! Coração de frango, que monstruosidade eu pensei e falei(brincando)”. Você comentou “Me sinto um monstro” comendo coração... eu sorri pra você! Você me divertiu tanto.

Você sugeriu que fossemos a praia depois, más eu disse que não devido ao horário. Sempre me perguntava se eu podia dormir fora, ou passar a noite fora. Você disse que eu só “ti dava bolo”, que recusava os convites que me fazia, que eu havia recusado os pedidos de ir ao cinema com você... realmente, eu recusei! Depois eu mudei de ideia dizendo que queira ir sim a praia, más você disse que “não”, que não queria ir mais... disse que não queria me obrigar a qualquer coisa e que eu que deveria saber o que eu quero. Eu disse que faria por você e você me disse que eu não deveria fazer nada por ninguém. Eu disse que faria por que eu queria, por mim, por nós. Acabamos conversando e chegando ao acordo de assistir filme depois de você ter me perguntar se eu queria assistir filme... assistir um filme, em um hotel. É engraçado quando penso, parece que você já havia planejado tudo e tinha absoluta certeza de que não falharia e não falhou. Fomos caminhando ruas, você disse que tinha filmes na bolsa, me mostrou, eu lembro de dois apenas, “Hanna e suas irmãs”  e “Orgulho e preconceito”(Eu já havia lido Orgulho e preconceito, más foi orgulho e preconceito e zumbis). Andamos um pouco mais e você me falou que se eu me importaria que fossemos a um motel, por que lá você tinha a certeza de que teria um aparelho para assistirmos ao filme... Eu concordei depois de umas conversas, afinal... Você perguntou se eu me importaria em parar o taxi e falar que íamos a um motel, a tal motel (Eu do gargalhadas quando lembro disso), que você tinha vergonha de falar e que eu era mais seguro(Nossa, super) que eu deveria perguntar também se o taxista aceitava cartão.. eu concordei. Era por volta das 23:00.

Andamos mais um pouco até chegarmos a uma praça, eu parei o taxi e falei com o motorista, nossa nunca vou esquecer aquele taxista(risos). O Cara falava muito, falou o tempo todo, e você parecia se preocupar com algo... alguns minutos rodando, finalmente chegamos. Não me lembro a Suíte, apenas lembro o número do quarto, “Quarto 219”, Com hidromassagem. Você disse que iria alugar o quarto com banheira de hidromassagem e que eu iria usar com você, eu disse que não, acabamos no quarto(Eu acho graça e morro de vergonha, foi minha primeira vez num motel, sim, a primeira vez). Quando chegamos, você foi colocar o filme e eu fui rapidamente ao banheiro, eu estava normal, literalmente, sem qualquer pensamento de segundas intenções em mente. Quando voltei você foi ligar a banheira... Hanna e suas irmãs é um filme ótimo, onde tem romance, comédia, drama e principalmente o que eu mais achei interessante, vida real. Você ficou apenas com a camiseta e a parte de baixo, do meu lado que ainda estava com a roupa. Antes do filme acabar, eu disse que estava com fome e você pediu um tira-gosto de carne, filé... veio com azeitonas, comi quase tudo e os 3 dias seguidos fiquei arrotando azeitona. Me senti um pouco mal depois pelas azeitonas, más não era só pelas azeitonas.

Você perguntou se eu queria assistir outro filme, más eu disse que não e então você desligou a luz e ficamos no escuro... Você me abraçou e eu me senti bem, você jogou uma das pernas por cima de mim, ficamos cara a cara, um sentindo a respiração do outro. Eu não pensava em nada, só estava sentindo o momento. Você baforou no meu nariz e perguntou se eu sentia algum cheiro de carne(risos) e eu disse que não conseguia sentir, então coloquei meu nariz praticamente dentro da tua boca... então eu disse que estava um cheiro de cebola e carne misturados... você disse que iria ficar baforando no meu nariz. Ficamos um bom tempo em silencio, apenas ouvindo a sinfonia da nossa respiração, inspira, respira... Você estava tão perto, eu podia quase sentir a tua boca, você veio e tentou me beijar, eu afastei, sorrindo. O silencio era estranho, apenas de frente um para o outro, nós dois como se nos conhecêssemos muito bem, há tempos.

Foi algo surpreendente, natural, quando percebi já estava te beijando, como se meu corpo tivesse feito só, sem meu conceito, eu senti pela primeira vez os teus lábios, tão finos, uma boca tão picanha, quase não dava pra beijar. Os beijos se tornaram mais quentes, longos, intensos... Eu parava, o motivo eu não sei bem, más logo os carinhos começaram e você pôs a cabeça no meu peito, parecia querer ouvir meu coração, eu afaguei seus cabelos, tão lisos e negros, por muitos minutos, vez em quando olhava para o espelho no teto e nos via , parecia um casal ideal, parecia que já nos conhecíamos a tempos, más ao mesmo tempo eu me sentia confuso. Os carinhos, pareciam de namorados de longa data, pessoas que conhecem uma a outra apenas pelo toque, por um olhar! Você colocou Rita lee pra tocar no telefone, disse que a música era minha cara, “ovelha negra” a música, colocou outras com letras tão bonitas pra mim ouvir. A banheira havia enchido, e você queria que eu fosse , más eu disse que não, pois estava sem cueca, apenas de samba canção e você foi verificar(risos), e depois de alguns minutos acabei indo...Você tirou a roupa, na minha frente e nossa, só de lembrar eu fico sem jeito, eu fiquei com o samba canção pois não me sentia a vontade, eu estava com um desconforto bem estranho, um desconforto que nem sei se era desconforto.  A agua quentinha, as bolhas subindo, nós dois ali como se fossemos apaixonados... Conversas, sorrisos, olhares!


           Não prestamos ao redor da banheira, e os cordões dos hobbys que não estavam em um lugar alto molharam (risos) quando entramos na banheira, afinal é o que acontece com algo que tem água demais quando se coloca algo dentro, transborda.  Apenas depois de algum tempo percebemos isso quando fomos colocar os hobbys... Parece loucura, aquele momento dentro da banheira, olhando teu rosto, teus olhos, os teus traços tão charmosos, brincadeiras bobas de jogar água ... é, isso é tão engraçado, eu e voce juntos como duas pessoas que se entendem completamente por gestos e olhares, como alguem que conhece o outro há tempos... Afeto, sorrisos... Bolhas... Respira, Inspira!

   Resolvi sair, já estava calor pra mim e você me acompanhou, sem hesitar!
Ficamos apenas de hobby na cama.
Eu fiquei tão nervoso, más tão nervoso que comecei a tremer, más eu não estava mostrando até você me puxar e me beijar, quando comecei a receber um fluxo muito forte vindo de você, tão forte e intenso que parecia que eu estava com algum ser dentro do meu corpo que tomava conta da minha coordenação motora e fazia com eu tivesse uma espécie de tiques nervos. Você subiu em cima mim e apenas se deitou sobre meu corpo, minha perna se mexia  só, como se fosse um ataque epilético de tanto em tanto segundos, você percebeu e perguntou o que era aquilo, que era estranho... eu disse que era o frio do quarto, e continuo, por vezes você fez a mesma pergunta e eu disse que era o frio do quarto. Não era o frio do quarto, era algo que eu recebia de você que fazia aquele efeito no meu físico, no meu corpo, foi tão estranho essas reações... não sei bem explicar, apenas sei que depois de um longo tempo passou. Era uma energia estranha vindo de você, era algo neutro, mas tão forte e intenso que por vezes me levavam a devaneios absurdos durante segundos que pareciam um tempo bem longo! Momentos eu estava lá, momentos eu não estava lá!
Você me beijou e aquele contato de corpo a corpo me esquentou, me excitou, os beijos eram de enlouquecer, o contato, as energia em fluxo... Tudo iria ficar mais quente, mais intenso, houve umas caricias, umas brincadeirazinhas até que algo em mim simplesmente cortou  aquele desejo sexual, simplesmente eu acordei, não sei, eu não me senti confortável, o desejo acabou! Acabou o desejo daquele momento, daquele ato que nem se iniciou, eu disse que não conseguia, que estava cansado... Na verdade eu não sei bem o que aconteceu naquela madrugada, más tudo que aconteceu mexeu de uma forma inexplicável comigo. Conversamos um pouco e acabamos indo dormir.

O que eu fazia ali no quarto 219 de um motel com alguém que eu conhecia apenas há uma semana? Alguém que eu sabia tão pouco, alguém que eu nem sei se o nome que se dizia se chamar era realmente seu nome, alguém com 11 anos de diferença da minha idade, alguém que eu estava no 3º (terceiro) encontro, alguém que eu realmente não conhecia em todos os sentidos, más que ao mesmo tempo era como se eu já conhecesse tão bem que foi algo natural e mágico entre dois apaixonados de longa data... Uma experiência Maluca e linda!
Obs: Você tem medo de fadas, das minhas fadas!

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